Futebol moderno: veja aqui tudo o que você precisa saber!
Você já ouviu falar no futebol moderno? Essa expressão é utilizada constantemente para definir as mudanças que o esporte sofreu nos últimos anos, principalmente, no seu estilo de jogo e nas suas táticas. Equipes mais compactas, troca rápida de passes, e posse de bola são algumas das suas características marcantes.
Alguns momentos ficaram marcados por essas alterações, como a vitória por 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa de 2014 e a Era Guardiola no Barcelona, entre 2008 e 2012. Porém, esse conceito ultrapassa as quatro linhas e também chega aos estádios, que evoluíram para arenas e são verdadeiros espaços de entretenimento.
Neste post, você verá um guia sobre o futebol moderno, com as informações que deve conhecer para ficar por dentro do esporte. Continue a leitura!
Onde surgiu o futebol?
É impossível definir com precisão quando o futebol começou a ser praticado. Segundo alguns estudos, na China do século XXV a.C., os soldados utilizavam o crânio dos inimigos em um jogo com os pés. Porém, também há a referência de atividades parecidas no Japão, na Grécia e na Idade Média.
Foi na Idade Média que surgiu o “gioco del calcio”, uma modalidade violenta que unia o conceito do futebol atual (os jogadores precisavam colocar a bola na área demarcada na linha de fundo) com golpes de luta e corrida. Acredita-se que essa atividade, proibida posteriormente pelos seus acidentes, esteja no DNA do esporte desenvolvido pelos ingleses.
Quem criou o futebol?
Da forma como o conhecemos hoje, o futebol surgiu em 1863, com a criação da “The Football Association”, na Inglaterra. Nas suas origens, o esporte tinha relação com o rugby, que é disputado com a mão, mas os ingleses se reuniram para criar uma regra universal, que o distinguiu completamente das outras modalidades.
Nos anos seguintes, foram disputadas as primeiras competições oficiais. Em 1872, Inglaterra e Escócia disputaram o primeiro amistoso entre seleções da história, que terminou em 0 a 0. Em 1871, surgiu a Copa da Inglaterra (FA Cup), a competição mais antiga de clubes do mundo, e a liga nacional começou na temporada 1888/1889.
Quem trouxe o esporte para o Brasil foi Charles Miller, durante uma viagem para o país. Em 1894, o inglês criou o time de futebol do São Paulo Athletic Club, que, no ano seguinte, disputaria a primeira partida da modalidade em solo canarinho, contra um time de fornecedores de gás da capital paulista.
O Sport Club Rio Grande é considerado o primeiro clube de futebol criado no Brasil, em 1900. Alguns dias depois, surgiu a Ponte Preta, em Campinas. Apesar disso, o país foi um dos últimos a criar uma liga nacional consolidada — a primeira edição do Campeonato Brasileiro foi realizada em 1971.
Como surgiu o futebol moderno?
É possível considerar que o futebol moderno passou por algumas fases. O embrião do esporte na sua configuração atual surgiu em 1863, com a criação das suas regras na Inglaterra. Desde então, diversas mudanças foram realizadas para adaptar o jogo, como a introdução do escanteio, do impedimento e a definição das dimensões do campo.
Posteriormente, a FIFA introduziu novas regras, como a criação dos cartões (a Copa do Mundo de 1970, no México, foi o primeiro torneio a utilizá-los). Também foram incluídas as substituições e a proibição do recuo com os pés para o goleiro, o que aumentou o dinamismo das partidas.
Porém, o futebol moderno tem uma maior relação com as mudanças na visão do jogo e na evolução das estruturas dos estádios e das competições. Nomes como Pep Guardiola e Joachim Löw são conhecidos por adotar novas formas de jogar, em que a técnica não consiste somente no drible, mas na ocupação dos espaços e na construção de jogadas mais eficientes.
O conceito de futebol moderno é malvisto pelos torcedores mais saudosistas, principalmente, pelas mudanças estruturais pelas quais o esporte passou. No Brasil, o ápice foi a Copa do Mundo de 2014, em que estádios tradicionais como o Maracanã e o Mineirão foram reformados. As antigas arquibancadas deram lugar às cadeiras e ao conforto.
Além disso, com as mudanças no estilo de jogo, os jogadores mais clássicos, que eram conhecidos pela sua habilidade fora de série, dão espaço aos polivalentes, que são capazes de desempenhar várias funções em campo. Os craques ainda existem, contudo, em um esporte mais físico e disputado, eles têm mais dificuldades para se destacar.
As características do futebol moderno
Ao contrário das primeiras décadas, em que as equipes jogavam com vários atacantes e os placares eram elásticos, o futebol moderno pode ser comparado, em partes, a um jogo de xadrez. O objetivo dos treinadores é conseguir um xeque-mate nos adversários, ou seja, escalar uma formação tática e os jogadores ideais para vencer a partida.
Palavras e expressões como transição, compactação e balanço ofensivo são comuns nas entrevistas dos treinadores. Os craques continuam decidindo partidas, mas o treinamento tático e os esquemas de jogo ganharam importância. O futebol moderno não necessariamente é bonito, mas é bem jogado e é eficiente.
Por outro lado, a tecnologia tem papel importante nesse contexto. Na última Copa do Mundo, na Rússia, os árbitros tiveram o auxílio do árbitro de vídeo (VAR, em inglês) para verificar os lances polêmicos e tomar as decisões. Isso diminui a incidência dos erros que podem comprometer o resultado de uma partida.
Fora de campo, as partidas se transformaram em eventos, como acontece nos esportes americanos. O grande perigo é a sua elitização, já que, com a reforma das arenas, o preço dos ingressos subiu e alguns estádios sofrem com a falta de público. Para contornar isso, os clubes apostam em setores populares e ações com os torcedores.
Quais são os conceitos importantes do futebol moderno?
Para além das mudanças nas competições e nos estádios, o futebol moderno é revolucionário em seu quesito principal: dentro das quatro linhas. Novos estilos de jogo e formações táticas foram criadas e a maneira como os treinadores enxergam as partidas não é mais a mesma.
Ainda existem algumas equipes que jogam de forma tradicional. É o caso do português José Mourinho, que tem passagens por Real Madrid, Internazionale, Chelsea e Manchester United. Sua forte marcação já rendeu títulos importantes, como a Champions League, mas é impossível não aplicar as características desse novo jogo em algum aspecto.
Conheça alguns conceitos marcantes do futebol moderno nos itens abaixo!
1. Estratégia
No futebol moderno, todas as áreas do clube estão interligadas. O rendimento dos jogadores durante uma partida não depende somente do treinador, que é o responsável pela escalação, mas de toda a comissão técnica. Profissionais como fisiologista, preparador físico, nutricionista e médico são alguns dos componentes dessa engrenagem.
Com a utilização de dados gerados por aparelhos tecnológicos, os técnicos têm acesso ao vídeo do esquema tático dos adversários e das imagens dos seus treinamentos, o que auxilia no momento da escalação. Além disso, os atletas são monitorados, o que permite conhecer o nível de desgaste e ter uma visão mais detalhada das suas atuações.
Com esses vídeos, o técnico monta uma estratégia para vencer o próximo adversário. Uma das novidades do futebol moderno é o rodízio de jogadores. Antigamente, era possível conhecer os 11 titulares da equipe, que vestiam as camisas correspondentes (o 9 é conhecido como o goleador, por exemplo).
Agora, as numerações não seguem um padrão e cada jogador opta por uma camisa diferente. Inclusive, os técnicos mudam a escalação com frequência para a equipe se adaptar ao adversário e às condições de jogo. Assim, ter um elenco completo, com opções para todas as posições, virou um mantra do futebol atual.
Nesse novo futebol, não basta ter habilidade — é preciso ter inteligência para atuar da forma correta e aproveitar as oportunidades. Essas estratégias são comuns em outros esportes, como o basquete e o futebol americano, em que os jogadores são expostos a dezenas de jogadas preestabelecidas. Agora, além de físico e técnico, o futebol também é um esporte estratégico.
2. Tática
Não existe um início concreto do futebol moderno, mas é seguro dizer que Johan Cruyff revolucionou a forma como o jogo é tratado dentro das quatro linhas. Centroavante da Holanda em 1974, ele não era somente responsável por fazer os gols, mas também participava da marcação, criava as jogadas e comandava os companheiros.
Sob o comando de Rinus Michels, o “Futebol Total” dos holandeses parou na final da Copa do Mundo, mas os seus conceitos são utilizados até hoje. Depois da aposentadoria, Cruyff foi técnico do Ajax e do Barcelona (além da Catalunha) e aplicou a estratégia de ocupação dos espaços no campo.
Em seu esquema, o atacante era o primeiro defensor. Algo raro àquela época, já que, no início do futebol, os times jogavam em um modelo recheado de jogadores ofensivos. Por outro lado, os defensores iniciavam as jogadas e tinha participação ofensiva, ou seja, era necessário que todos participassem dos 90 minutos de jogo.
Uma das táticas de futebol que se popularizou nos últimos anos foi o 4-1-4-1. Ela funciona com um volante à frente da linha de quatro defensores, dois jogadores no meio, outros dois abertos na ponta e um atacante. Foi com um esquema parecido que o Brasil de 1982 encantou o mundo e se transformou em um dos maiores times da história.
Desde 2016, o técnico Tite utiliza o 4-1-4-1 no comando da Seleção Brasileira. Na Copa de 2018, Casemiro era o volante, com Paulinho e Coutinho mais adiantados e Neymar e Willian abertos na ponta. Pep Guardiola também aplicou essa formação no Bayern de Munique e no Manchester City, onde trabalha atualmente.
3. Modelo de jogo
Não foi somente o esquema tático das equipes que mudou. Todo o modelo de jogo está em constante evolução e as equipes se preparam durante a semana para diversas situações que podem ocorrer nos 90 minutos. Assim, muitas vezes, é difícil definir uma formação para uma equipe, mas ela segue um padrão estabelecido.
O Brasil de Tite na Copa da Rússia, por exemplo, mudava o seu esquema de 4-1-4-1 para algo parecido com um 4-3-3 no ataque. Enquanto se posicionava como um meio-campista na defesa, Neymar se adiantava para ocupar a ponta esquerda com a bola, onde começavam as jogadas mais incisivas dos brasileiros.
Um conceito importante é o da transição. Ela vale para o ataque, quando o time recupera a bola, e para a defesa, quando a posse é perdida. A comissão técnica define um modelo que dita os próximos passos para os jogadores — se eles pressionam o adversário para retomar a bola, ou se a equipe se recompõe rapidamente para evitar o contra-ataque, por exemplo.
Assim, o jogo é mais dinâmico e os atletas têm características diferentes. Por isso, é difícil comparar o estilo de jogo de Pelé e Garrincha com Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Se os primeiros eram mais técnicos com a bola no pé, hoje, os defensores são mais implacáveis e os jogadores têm mais funções em campo.
Mesmo no futebol moderno, ainda há espaço para treinadores com uma visão mais defensiva, como a Itália ficou conhecida nas décadas passadas. É o caso do ex-treinador Muricy Ramalho, que foi tricampeão do Campeonato Brasileiro entre 2006 e 2008 no São Paulo, com um esquema de três zagueiros e muitos cruzamentos na área. Ou seja, não há uma fórmula de sucesso.
4. Categoria de base
As categorias de base dos clubes surgiram por volta dos anos 1960 com o objetivo de formar os atletas. Atualmente, elas recebem investimentos importantes das diretorias, principalmente, pela possibilidade de revelar novos talentos para o time principal ou para negociá-los com gigantes europeus no futuro.
Dessa maneira, a estrutura do time profissional é replicada nas categorias inferiores. Um dos exemplos clássicos é o Barcelona, que formava os seus futuros craques no antigo centro de treinamento de La Masia. Com os conceitos e estratégias similares aos adultos, jovens como Lionel Messi, Andrés Iniesta e Xavi se transformaram em ícones do futebol.
Em muitos casos, o esquema de jogo utilizado é o mesmo e há uma grande integração entre o time sub-20 e o time profissional. Equipes que atuam com zagueiros mais altos, por exemplo, buscam essa característica entre os jovens, enquanto outras, mais cadenciadas, preferem a habilidade e a precisão nos passes.
Na categoria de base, os atletas têm o primeiro contato com a preparação física, o treinamento técnico e as táticas de jogo. Isso representa uma mudança na revelação dos jovens no passado, quando eles estreavam em suas equipes com um talento mais bruto, sem lapidação.
Assim, aquela velha máxima de que os jogadores brasileiros “jogam bonito” e “nascem prontos” está em transformação. Em especial, após os fracassos nas últimas edições da Copa do Mundo, está claro que o talento individual não é suficiente para vencer as melhores equipes do mundo. É necessário um modelo, que começa na base.
Como as seleções e times aplicam esses conceitos?
Algumas equipes ficaram conhecidas por aplicar os conceitos do futebol moderno com sucesso. Separamos dois exemplos a seguir!
Barcelona
A figura mais conhecida do futebol moderno atualmente é o técnico Pep Guardiola. O ex-jogador, que atuou como volante nos seus 16 anos de carreira e defendeu a Espanha na Copa do Mundo de 1994, iniciou a sua carreira de técnico em 2008, no Barcelona. Era o começo da Era Guardiola, que elevou o clube a outro patamar.
O seu estilo de jogo tem forte influência nas ideias de Johan Cruyff, holandês que fez história na Holanda e no Barcelona, além de ter treinado Guardiola nos tempos de jogador. O conceito é a manutenção da posse de bola, com movimentação de todos os jogadores e muitos passes, o que ficou conhecido como “Tiki-Taka”.
Na sua chegada ao Barcelona, jogadores como Ronaldinho Gaúcho e Edmilson, que participaram do pentacampeonato brasileiro em um esquema com três zagueiros, deram espaço a um time mais rápido. O choque foi claro: logo na primeira temporada, o time espanhol venceu os seis torneios que disputou, o que incluiu a Champions League e o Mundial de Clubes.
Uma das novidades da sua estratégia era a escalação de um “Falso 9”, representado por Lionel Messi. O jogador, que seria eleito cinco vezes o melhor do mundo nos anos posteriores, tem 1,70 m de altura, uma estatura baixa para a posição de centroavante. Porém, ele entortava as defesas com sua habilidade e velocidade, em modelo replicado posteriormente por outras equipes.
A passagem de Pep Guardiola pelo Barcelona durou quatro temporadas, mas foi o suficiente para revolucionar o futebol mundial. A Espanha venceu a Copa do Mundo de 2010 com um sistema similar ao Tiki-Taka e, no Bayern de Munique e no Manchester City, o técnico mantém o estilo de posse de bola e passes curtos.
Alemanha
O título da Alemanha na Copa do Mundo de 2014 ficou marcado pela vitória sobre o Brasil por 7 a 1, na semifinal do torneio. Porém, essa partida demonstrou o choque de estilos de jogo entre as duas seleções — enquanto os europeus de Joachim Löw apostaram em um modelo definido, os sul-americanos se basearam na individualidade.
O crescimento dos alemães tem influência na mentalidade de Pep Guardiola, que chegou ao Bayern de Munique (time-base da seleção) em 2013. A grande mudança foi a preferência de um esquema tático ao talento individual. Não que ele não existisse, mas era adaptado ao sistema de jogo proposto.
Porém, esse processo começou na derrota para o Brasil na final da Copa do Mundo de 2002, no Japão. Naquele momento, os diretores da Alemanha perceberam a necessidade de trazer novos conceitos para a seleção. Os anos seguintes não foram vitoriosos, mas montaram a base para o sucesso no Maracanã.
Os volantes, que, no início, eram escalados à frente dos zagueiros para proteger o sistema defensivo, agora, são peças importantes na construção das jogadas. Sami Khedira, Toni Kroos e Bastian Schweinsteiger formaram um meio-campo com passes rápidos e infiltrações na área — o primeiro marcou dois gols na goleada histórica.
No ataque, Miroslav Klose era um centroavante clássico, mas dividia espaço na equipe com jogadores mais móveis, como Thomas Müller. No futebol moderno, não há primazia do ataque, como nos velhos tempos, nem do sistema defensivo, conhecido como retranca. Todos os jogadores são móveis e polivalentes — o esquema prevalece.
Qual a relação entre futebol moderno e preparo físico?
O papel do preparador físico ganhou destaque na modernização do futebol. No início da sua prática, o jogo era mais lento, com atletas “mágicos” e habilidosos com a bola no pé. O cuidado com a saúde não tinha tanta importância — não era incomum o caso de jogadores que fumavam durante a carreira.
Com o aumento da exigência dos jogadores, que é exemplificada pelos toques rápidos na bola e pela recomposição na defesa, a preparação física ganhou importância no futebol. Os grandes clubes têm uma área específica de fisiologia, em que os atletas são analisados individualmente para conhecer as suas necessidades energéticas e o risco de lesões.
Além da resistência para correr os 90 minutos sem desgaste elevado, os atletas também são submetidos a uma rotina de exercícios de musculação. O ganho de massa corporal permite que eles participem da disputa pela bola com mais vigor, mas sem perder a sua agilidade e a impulsão na hora de uma cabeçada, por exemplo.
Por isso, os jogadores participam de diversos trabalhos de preparação física durante a pré-temporada. É natural que eles se apresentem com falta de ritmo e peso diferente do ideal após as férias e os primeiros dias são destinados à recuperação e ao condicionamento, o que será fundamental para o restante do ano.
A tecnologia é uma aliada importante nessa área. Durante o treino de futebol, os atletas utilizam equipamentos que mapeiam o seu movimento corporal e medem o seu desgaste. Essas informações são utilizadas para a prescrição de treinamentos personalizados, que respeitam as suas características e potencializam as suas habilidades.
O conceito de futebol moderno está em constante evolução. Novas formas de jogar a partida são criadas e o profissional que não se atualiza corre o risco de perder espaço para os seus concorrentes. Áreas como preparação física, fisiologia e nutrição desportiva ganham importância e fazem a diferença nos clubes. Já pensou em como você pode contribuir?
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